quinta-feira, 13 de julho de 2017

Avaliação na educação infantil

A avaliação é um fenômeno que ocorre em diversas esferas da vida humana, em qualquer situação em que se faz necessário um julgamento de valor, uma tomada de decisão. Não se restringe, portanto, ao contexto escolar, mas exerce aí um papel de fundamental importância, na medida em que visa contribuir para o alcance dos objetivos educacionais. A avaliação possibilita o repensar de todo o processo educativo, com a finalidade principal de viabilizar o alcance dos objetivos educacionais, especialmente relacionados à aprendizagem.
De acordo com Abramowicz (1996), a experiência de avaliação faz parte de nossa vida, visto que na atual sociedade somos sempre chamados a julgar e constantemente estamos analisando e apreciando tudo que nos cerca. Nesta perspectiva, a avaliação em sentido lato, é parte da vida cotidiana. Mesmo sem recorrer a procedimentos formais todos nós fazemos continuamente julgamentos avaliativos sobre a ampla gama das atividades humanas.
A avaliação no contexto escolar realiza-se segundo objetivos escolares implícitos ou explícitos, que, por sua vez, refletem valores e normas sociais. Em qualquer nível de ensino em que ocorra, a avaliação não existe e não opera por si mesma; está sempre a serviço de um projeto ou de um conceito teórico, ou seja, é determinada pelas concepções que fundamentam a proposta de ensino (CHUEIRI, 2008).
Na educação infantil, a avaliação não tem o propósito de promoção, pode facilitar a percepção do professor no sentido de utilizá-la como um instrumento para refletir sobre sua prática e sobre o processo de desenvolvimento infantil, já que não precisa ter a preocupação com a nota. Por outro lado, pode deixá-lo confuso em relação aos objetivos de avaliar e, muitas vezes, restringir-se ao preenchimento de fichas, cumprindo mais uma função burocrática que propriamente pedagógica. A avaliação, como revela Zabalza (2006) é importante em qualquer etapa educativa, pois se trata de um componente particularmente sensível de qualquer proposta curricular e exige uma competência especial dos profissionais da educação. O autor denuncia que falta uma cultura da avaliação na educação infantil, entendida como um processo que obriga os educadores a rever suas ideias e práticas, ao mesmo tempo em que aponta para a necessidade da tomada de consciência dos pontos fortes e fracos da atuação docente. 
Nos termos das Diretrizes nacionais, as instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação, garantindo:
  • A observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; 
  • Utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.); 
  • A continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino Fundamental);
  •  Documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil; 
  • A não retenção das crianças na Educação Infantil. 
Conforme destaca Moura (2007, p. 13), a avaliação na Educação Infantil tem um caráter diferenciado, pois a reprovação não é uma prática amparada legalmente. A avaliação, nesta perspectiva, deve ter seu foco no desenvolvimento infantil, constituindo um momento de reflexão sobre a prática, a fim de possibilitar novas estratégias que possam garantir assim a aprendizagem e o desenvolvimento dessas crianças.

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