A avaliação é um fenômeno que ocorre em diversas esferas da vida humana, em
qualquer situação em que se faz necessário um julgamento de valor, uma tomada de decisão.
Não se restringe, portanto, ao contexto escolar, mas exerce aí um papel de fundamental
importância, na medida em que visa contribuir para o alcance dos objetivos educacionais. A
avaliação possibilita o repensar de todo o processo educativo, com a finalidade principal de
viabilizar o alcance dos objetivos educacionais, especialmente relacionados à aprendizagem.
De acordo com Abramowicz
(1996), a experiência de avaliação faz parte de nossa vida, visto que na atual sociedade somos
sempre chamados a julgar e constantemente estamos analisando e apreciando tudo que nos
cerca. Nesta perspectiva, a avaliação em sentido lato, é parte da vida cotidiana. Mesmo sem
recorrer a procedimentos formais todos nós fazemos continuamente julgamentos avaliativos
sobre a ampla gama das atividades humanas.
A avaliação no contexto escolar realiza-se segundo objetivos escolares implícitos
ou explícitos, que, por sua vez, refletem valores e normas sociais. Em qualquer nível de
ensino em que ocorra, a avaliação não existe e não opera por si mesma; está sempre a serviço
de um projeto ou de um conceito teórico, ou seja, é determinada pelas concepções que
fundamentam a proposta de ensino (CHUEIRI, 2008).
Na educação infantil, a avaliação não tem o propósito de promoção, pode
facilitar a percepção do professor no sentido de utilizá-la como um instrumento para refletir
sobre sua prática e sobre o processo de desenvolvimento infantil, já que não precisa ter a
preocupação com a nota. Por outro lado, pode deixá-lo confuso em relação aos objetivos de
avaliar e, muitas vezes, restringir-se ao preenchimento de fichas, cumprindo mais uma função
burocrática que propriamente pedagógica.
A avaliação, como revela Zabalza (2006) é importante em qualquer etapa
educativa, pois se trata de um componente particularmente sensível de qualquer proposta
curricular e exige uma competência especial dos profissionais da educação. O autor denuncia
que falta uma cultura da avaliação na educação infantil, entendida como um processo que
obriga os educadores a rever suas ideias e práticas, ao mesmo tempo em que aponta para a
necessidade da tomada de consciência dos pontos fortes e fracos da atuação docente.
Nos termos das Diretrizes nacionais, as instituições de Educação Infantil devem
criar procedimentos para acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do
desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação,
garantindo:
- A observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano;
- Utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.);
- A continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino Fundamental);
- Documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil;
- A não retenção das crianças na Educação Infantil.
Conforme destaca Moura (2007, p. 13), a avaliação na Educação Infantil tem um
caráter diferenciado, pois a reprovação não é uma prática amparada legalmente. A avaliação,
nesta perspectiva, deve ter seu foco no desenvolvimento infantil, constituindo um momento
de reflexão sobre a prática, a fim de possibilitar novas estratégias que possam garantir assim a
aprendizagem e o desenvolvimento dessas crianças.
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